Abstract: Os Makuna são um povo indígena que habita nas florestas do Uaupés colombiano, tenho realizado várias pesquisas de campo com eles em diferentes momentos desde 1995. Em grande medida, minha formação e construção como antropólogo está intimamente relacionada com os Makuna porque eles são o referente de boa parte dos meus interesses temáticos e teóricos, de igual maneira que o convívio com eles é fundamental dentro da minha experiência vital. É evidente que já passei por diferentes fases de pesquisa e experimentei diversas metodologias até perceber que a maneira mais fecunda de trabalho de campo é a etnografia partilhada. Com esta não estou me referindo, simplesmente, a uma forma de retribuição e compensação prática por trabalhar com eles, tema discutido nas questões do compromisso ético e do engajamento, mas à convergência de interesses e à expansão do conhecimento mutuo, onde os sujeitos indígenas e o pesquisador estabelecem um diálogo em permanente retroalimentação. Assim, o trabalho de campo se torna um lugar de pensamento, reflexão e crítica: comparam-se e revisam-se as interpretações prévias; reformulam-se as perguntas; vislumbram-se novas conexões temáticas e teóricas, entre outras coisas. Desta maneira, o pesquisador deixa de ser uma voz onipresente, pois ao se “deixar contagiar” e orientar pelos seus interlocutores indígenas, ao tempo que trabalha para e com eles colaborando nalgum interesse local (elaborando mapas para a organização política, criando materiais de referência para a escola, assessorando os planos de manejo ambiental, etc.), se torna contraparte de uma dinâmica dialógica e reflexiva fundamentada em retroalimentações permanentes com seus interlocutores, cujo resultado é a expansão do conhecimento mutuo e uma maior inteligibilidade entre mundos diferentes. ____________________________________________________________________________________ ABSTRACT ; The Makuna indigenous people live in the rainforest of the Colombian Vaupés among whom I have conducted fieldwork at different moments since 1995. ...
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