Abstract: Este artigo intenta averiguar os conhecimentos trazidos pelos diálogos estabelecidos com aqueles que pintam os nomes dos barcos, os abridores de letras navais de Bragança, município localizado no nordeste paraense. Esses sujeitos detêm conhecimentos empíricos que fomentam o saber-fazer de suas profissões, e o nome da embarcação torna-se representativo em várias perspectivas, seja pela oportunidade de eles fixarem seus espaços como abridores de letras, seja pelos acontecimentos que envolvem cada pintura de embarcação. A investigação qualitativa faz uso da pesquisa de campo para coleta de informações in loco por meio de incursões até um porto e um estaleiro, pois são os locais onde as construções e reparos dos barcos ocorrem. Objetiva-se por meio da pesquisa compreender como se dá a prática de abertura de letras, bem como identificar os saberes que estão envolvidos nessa ação, considerando-se ainda a compreensão acerca do saber científico e do saber tradicional. Para tanto, nos apoiamos especialmente em Lévi-Strauss, Cunha, Déléage e Martins. Obteve-se como resultado o entendimento de que no referido município os abridores de letras demonstram em seus afazeres não somente saberes e práticas dessa específica atividade, mas também o orgulho de expressar a arte que dominam.
No Comments.