Abstract: Parque das ruínas (2018), de Marília Garcia, evidencia o processo de sua criação quando, antes mesmo de impresso, existe enquanto fala, no gesto que pode ser compreendido como o de testar a recepção. Além disso, é um texto em que vozes são encadeadas para a formação de um complexo paginário crítico-criativo acerca dos modos de olhar e de ver, na acolhida, ao longo de sua estruturação, de procedimentos artísticos em múltiplas linguagens, que interrogaram as suas temporalidades e as imagens que delas foram criadas, criando outras. Por isso, para o texto que ora se apresenta, ensaia-se modos de leituras, em forma de notas, que intentam compreender como a dialética de vozes, cuidadosamente cosidas, apontam para a reflexão acerca de repensar a relação do ser derivante com os espaços, a fim de revê-los. Ao longo de desta leitura, coteja-se parque das ruínas com obras anteriores da poeta, como forma de compreender a abissal relação existente entre elas, uma vez que, além da existência anterior à impressão, o livro para o qual se lança o olhar teve parte de sua estrutura compactada em Câmera lenta (2017), imbricando-se, ainda, com o projeto poético de Garcia por meio de modos recorrentes de criar: na figuração do espaço-tempo, na reflexão sobre a criação e na produção de linguagem sobre a linguagem, ao modo da mise en abyme.
Relation: https://periodicos.ufpe.br/revistas/intersemiose/article/view/252209/39655; ANKER, Valentina; DÄLLENBACH, Lucien. A reflexão especular na pintura e literatura recentes, Tradução: Maria do Carmo Nino, Art. Internacional, vol. XIX/2, fevereiro 1975. BENJAMIN, WALTER. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Tradução: Sérgio Paulo Rouanet. São Paulo: Editora Brasiliense, 1987. ______. Revisor de livros juramentados. In: CAMPOS, Augusto; PIGNATARI, Décio; CAMPOS, Haroldo. (org.). Mallarmé. Tradução Haroldo de Campos e Flávio Kothe. São Paulo: Editora Perspectiva, 2015. Publicado originalmente em 1926. DÄLLENBACH, Lucien. El relato especular. Tradução Ramón Buenaventura. Madrid: Visor Distribuiciones, 1991. DELEUZE, G.; GUATARRI, F. Rizoma. Tradução: Sousa Dias. Lisboa: Documenta, 2016. DIDI-HUBERMAN, Georges. O que vemos, o que nos olha. Tradução: Paulo Neves. São Paulo: Editora 34, 2010. FISHER, Rose-Lynn. The topography of tears. Disponível em: http://www.rose-lynnfisher.com/tears.html. Acesso em: 12 de jul. 2020. FRIAS, Joana Matos. Apesar das ruínas, testar a memória. In: GARCIA, Marília. parque das ruínas. São Paulo: Luna Parque, 2018. FOUCAULT, Michel. Isto não é um cachimbo. Tradução: Jorge Coli. São Paulo: Paz e Terra, 2014. GARCIA, Marília. 20 poemas para o seu walkman. Rio de Janeiro: Editora 7Letras, 2016. ______. um teste de resistores. Rio de Janeiro: Editora 7Letras, 2014. ______. Câmera lenta. São Paulo: Companhia das Letras, 2017. ______. parque das ruínas. São Paulo: Luna Parque, 2018. ______. tem país na paisagem? Cultura Brasileira Hoje: Diálogos. Disponível: https://www.youtube.com/watch?v=CG-nTXq9SEk& t=-3455s. Acesso em: 12 de jul. 2020. NINO, Maria do Carmo. American Splendor: uma estrutura moebiana. Revista de Letras, v. 1, n. 35, 11. 2016. PAZ, Octávio. Os signos em rotação. In: ______. O arco e a lira. São Paulo: Cosac Naify, 2013. Na tradução de Ari Roitman e Paulina Wacht. SALOMÃO, Waly. Poesia total. São Paulo: Companhia das Letras, 2014. SONTAG, Susan. Sobre Fotografia. Tradução: Rubens Figueiredo. São Paulo: Companhia das Letras, 1983.; https://periodicos.ufpe.br/revistas/intersemiose/article/view/252209
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