Abstract: No presente artigo, são discutidos os processos de socialização infantil, os quais se encontram marcados pela presença da racionalidade neoliberal e pela digitalização das diferentes esferas da existência humana. Infere-se, a partir de uma análise sistêmica, que as tecnologias digitais, quando transversalizadas pela racionalidade neoliberal, podem ser compreendidas enquanto estratégias integrantes de um projeto antropológico-pedagógico neoliberal, no qual se visa à formação de um neossujeito. Desse modo, mesmo reconhecendo que as crianças realizam uma reprodução interpretativa dos artefatos culturais, identifica-se que, por meio da exploração exacerbada desses dispositivos, ocorre a recepção de uma normatividade que preconiza a satisfação pessoal como critério régio de tomada de decisões, a hipertrofia das relações sociais e a atomização do indivíduo. Por fim, discutem-se as implicações antropológicas e sociológicas da formação do neossujeito desde a infância, tendo em vista que sua constituição psíquica e as normas difundidas inibem a coesão social e a participação do sujeito em debates públicos.
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