Abstract: A música precisa do silêncio para tornar-se uma presença para aqueles que a experenciam; silêncio originário que a envolve e do qual ela nasce, morre e renasce em uma contínua atividade do espírito. Como símbolo das possibilidades sonoras virtuais e da liberdade construtiva e destrutiva do ser, o silêncio produz a espera vivida na duração musical, expectativa que é atenção à forma musical e participação do ato que a engendra. Não sendo apenas ausência de som, é a ele que nos dirigimos intimamente para encontrar a completude da forma musical, seja nas suas conclusões, seja nas suas cessações inconclusas. Qualquer que seja a sua qualidade afetiva, suas forças expressivas ou formais, o silêncio contém um chamado para a sua superação, para o ato do espírito que o ultrapassa. E a música, fruto das qualidades subjetivas do silêncio, deve sempre retornar a ele para alcançar sua completude.
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